Quem trabalha na área da educação precisa estar sempre atento aos cibercrimes que podem ocorrer no ambiente escolar. Essa atenção é necessária para garantir que eles não aconteçam e conscientizar os alunos para que saibam como se comportar e se proteger nos ambientes digitais. O estupro virtual é um desses cibercrimes, que pode começar como uma inocente brincadeira e acabar como um grave problema para as pessoas envolvidas.
Como se trata de algo pouco divulgado, os professores e demais profissionais da educação ainda não têm muita informação sobre o assunto.
Este post foi desenvolvido para que você entenda mais sobre o estupro virtual. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto.
O que é estupro virtual e como ele funciona dentro das escolas?
Em 2009, foi sancionada a Lei nº 12.015, que fala sobre os crimes contra a dignidade e a liberdade sexual. A legislação trouxe novas interpretações para o crime de estupro, passando a considerar também a sua versão virtual.
De acordo com o artigo 213 dessa lei, o estupro se caracteriza por “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.
Como podemos perceber pelo recorte da legislação apresentado, não é necessário que se efetive uma relação sexual sem consentimento para que um crime seja caracterizado como estupro. Qualquer ameaça ou coerção que envolva atos libidinosos pode ser enquadrada como estupro, com pena de reclusão de 6 a 10 anos para o praticante.
O estupro virtual, portanto, ocorre quando são feitas ameaças ou chantagens para que alguém envie fotos ou vídeos se masturbando, com cenas de nudez ou então realizando qualquer outra prática que possa ser considerada libidinosa.
Nas escolas esse crime pode ocorrer quando um aluno manipula outro psicologicamente para que ele realize os atos anteriormente citados no ambiente escolar. É de responsabilidade dos diretores, professores e demais profissionais do colégio estarem atentos para que isso não aconteça.
Como identificar se um aluno passa por estupro virtual?
O professor tem um papel fundamental para identificar se um aluno está sendo vítima de um estupro virtual. Afinal, é ele quem tem o domínio na sala de aula e consegue visualizar mudanças de comportamento.
A seguir, veja alguns sinais que podem indicar se um aluno está passando por estupro virtual.
Observe se há demonstração de sinais
Assim como acontece ao investigar o bullying, o primeiro sinal que os educadores devem observar é a mudança de comportamento. Uma criança ou um adolescente que era muito agitado e agora se tornou muito quieto (ou vice-versa), por exemplo, pode estar sendo vítima de algum tipo de violência sexual.
Se o abusador que estiver cometendo o crime de estupro virtual estiver convivendo com a vítima no ambiente escolar, também pode haver uma proximidade excessiva entre eles. Isso acontece porque o adolescente vítima da prática pode sentir medo de se afastar de quem o está chantageando.
Atente-se aos aspectos afetados pelo crime
O crime de estupro virtual afeta diretamente o psicológico das pessoas. Logo, as mudanças repentinas de comportamento, conforme explicamos, são o principal indicador que deve ser levado em consideração.
Sempre que os professores suspeitarem de qualquer mudança de comportamento dos alunos, precisam comunicar o supervisor pedagógico ou psicólogo da escola. Assim, esses profissionais poderão tomar as medidas cabíveis para verificar o problema.
Verifique exemplos de como a prática ocorre
Para saber se está ocorrendo o estupro virtual, é importante saber como a prática ocorre. Um bom exemplo é o primeiro caso enquadrado como esse crime no Brasil, que ocorreu em agosto de 2017, na cidade de Teresina (PI).
Nesse caso, um técnico em informática teve acesso a fotos íntimas de uma cliente ao fazer o conserto de um computador. Com posse das imagens, ele começou a chantagear a vítima para que ela gravasse e enviasse um vídeo se masturbando, caso contrário, ele divulgaria as fotos íntimas nas redes sociais.
Quais são as principais medidas preventivas para evitar o estupro virtual?
É papel dos educadores e demais profissionais da escola tomar medidas preventivas para evitar o estupro virtual. Veja algumas delas a seguir.
Invista em segurança virtual
O principal método preventivo para evitar o estupro virtual é investindo na segurança nos ambientes digitais na escola. Para isso, a rede de internet e os computadores dos laboratórios do colégio devem ser bloqueados para conteúdos adultos.
A ideia é que seja permitido o acesso somente a conteúdos pedagógicos ou outros que possam servir para complementar o aprendizado, sempre com a supervisão do professor.
Promova a conscientização de alunos
Também é importante que haja a conscientização dos alunos para que não cometam nem se tornem vítimas do estupro virtual. Deve-se fazer palestras, encontros e debates que tragam informações sobre os perigos de se expor na internet, trocar “nudes”, entre outras práticas — por mais que se tenha intimidade com quem se está conversando.
Outro ponto importante a ser abordado é que a prática de persuadir ou chantagear alguém para que produza fotos ou vídeos íntimos é um crime. Deve-se explicar as penalidades e a gravidade que isso representa para as vítimas. Também deve ser dito que mesmo que tudo se inicie como uma brincadeira, pode resultar em um problema muito grave e prejudicar ambas as partes envolvidas.
Crie um ambiente para que as vítimas possam desabafar
É necessário ainda que a escola se coloque como uma amiga dos alunos. Deve-se proporcionar um ambiente para que, se alguém for vítima desse tipo de crime, possa desabafar sobre o que está acontecendo.
Assim, os pedagogos e psicólogos da escola poderão entrar em contato com os pais e tomar as medidas cabíveis.
Em suma, podemos dizer que compreender sobre o estupro virtual é uma necessidade para os profissionais que convivem com jovens no ambiente escolar. Somente assim será possível conscientizá-los para que não cometam ou se tornem vítimas dessa prática.
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